em uma espiral de hipnose
em um ciclo da vida
em um looping
repetindo o mesmo mês, do inferno astral
me pego sendo um filme pirata que sai do ar quando é descoberto, mas alguém o sobe em alguma outra plataforma mais tarde
também me pego sendo um gato empurrando um copo de vidro da mesa, apenas por empurrar
e me pego pegando o vidro do chão e, depois de limpar tudo, percebendo que minhas mãos estão sangrando
me pego sendo a névoa da tarde de uma segunda-feira, que cobre apenas parte de um prédio e escurece o dia de apenas alguns.
não é tão importante, mas é chato
me pego sendo uma música que se torna febre por 1 mês, mas cai no esquecimento
ou uma bela canção… de um minuto.
me pego sendo a back vocal da banda, a de trás, a momentânea
me pego sendo aquela última mensagem, quando ele percebe que não adianta mais tentar, o amor esfriou
me pego sendo aquele poema simples e infantil, em uma folha de papel dobrada ao lado de um poema mais complexo e bem escrito
me pego sendo o desejo de voltar a ser
sendo o desejo de ser quem era
de era quem ser
pego brincando-me com as palavras
achando divertido
se sentindo melancólico
me pego repetindo palavras, me pego repetindo me pego
me pego me apegando às aconchegantes agonizantes verdades que se pegam sendo as únicas a quem confio
me pego tendo picos de criatividade inúteis, pois sempre haverão melhores
se haverão melhores não há porque tentar.
me pego sendo um desabafo feio, enquanto o desabafo mais triste se aparenta melhor pela complexidade que o meu não tem.
me pego viciada em pontuar errado. e. me pego. assim. sabe? assim, odiando, muito, tudo, que, escrevo.
